Origem e História
Há 5 mil anos nas planícies da Ásia Central na China, numa região conhecida por Pamir, cercada de lagos e montanhas, lentamente, uma parcela dos cães foi levada pelos seus donos (Visigodos) seguindo o caminho sul chegando à Índia, e, posteriormente, ao Oriente Médio.Tais cães seriam os precursores dos cães d'água de hoje. Estes cães eram naquele tempo pastoreiros e usados também para a guarda. Eles tinham pelagem muito densa e subpelo, seu tamanho era muito maior, em torno de 60 a 70 cms.Há possibilidades de que estes cães sejam os Foo Lion Dogs, retratados em objetos de arte. As semelhanças nas caracteristicas do signo CÃO, no Horóscopo Chinês, e o Cão D'água são muito grandes contribuindo à crença.
Ao longo de séculos, estes cães foram desenvolvendo suas aptidões na água e deixaram de ser pastoreiros, tornando-se os Canis Acquaticus. No século VII a.C., nos livros sagrados Zend-Avesta, os ancestrais do atual Cão D'água Português eram mencionados como o mais valioso dos cães, pois o grande deus, Ahura-Mazda, havia concedido a estes cães qualidades comparadas aos santos, devido às suas excepcionais habilidades. Há uma referencia a Zoroastro em que era punido todo aquele que molestasse um Cão D' água.
No século V, estes cães foram introduzidos na Península Ibérica pelos Mouros. Seu habitat tornou-se a região do Algarve. Sabe-se que o Cão D'água também era conhecido pelos Egípcios, Romanos e Vikings.Há outras hipóteses para o surgimento da raça na região do Algarve, mas, a apresentada é a mais aceita.
A Chegada dos Primeiros Cães D'água ao Brasil
A família real e toda a corte quando fugia da invasão napoleônica trouxe para o Brasil os primeiros exemplares da raça. Estes cães ficavam onde seria hoje a Praia do Caju (Baía de Guanabara - Rio de Janeiro), onde D. João VI tomava seus banhos de mar terapêuticos e onde existiu a primeira colônia pesqueira. Porém, quando D. Miguel I retornou a Portugal para reassumir o trono, ele levou consigo os poucos cães que resistiram as doenças tropicais. Há uma pintura exposta no Museu de Lisboa que retrata o momento do desembarque na Praia de Belém com um cão d'água nadando em volta de sua nau, inclusive, com a tosa conhecida como Leão.
Apito e Radar, Lá Vem Lá !!Um Cão D'água Em Sua Nau!!
Como a navegação Portuguesa era muito importante e o Cão D'Água Português latia para avisar e alertar dos perigos iminentes no meio da neblina, eles acabaram servindo de precursores dos atuais sistemas de apitos náuticos e eram verdadeiros radares e localizadores de cardumes.Seria esta mais uma estória de pescadores? Ai é? Ora, pois, pois!!!!
História Mais Recente
O Cão D'água Português, apesar de muito difundido no passado, devido ao desaparecimento das práticas de pesca artesanal, foi quase extinto nos anos 30/40 com o início da era de Salazar, quando alguns portugueses sabendo desta ameaça se reuniram e o Sr Vasco Bensaude ( Algarbiorum) adotou como padrão para a raça um cão d'água resgatado na região do Algarve de nome LEÃO. Até aquela data a raça ainda não tinha um padrão definido. Nos anos 50, um médico veterinário, chamado Dr Antonio Cabral passa a dividir com Sr Bensaude a responsabilidade de serem mentores da raça e nos deixa o magnífico legado do ALVALADE. Já, nos anos 60, Sra. Conchita Castello Branco, proprietária do canil AL-Gharb, herdou a linhagem Algarbiorum, envia vários cães ao exterior e acaba tendo um papel essencial embora muito polêmico. Após a Revolução dos Cravos os cães d'água eram soltos, abandonados,ou , até mesmo, abatidos em meio ao quase desespero para salvaguardar a raça. Alguns exemplares foram salvos graças a tenacidade e paixão do Sr Antonio Cabral que, na época era Inspetor Geral do Controle de Zoonose em Lisboa, e, juntamente com o assistente de veterinária Sr. Fernando Almeida tinham acesso ao canil público, de onde conseguiram resgatar alguns destes cães. Nos anos 70, quando restaram apenas 25 exemplares em todo o mundo, a raça foi citada no Guiness Book como a mais rara do mundo.
Mais tarde, em 79, a Sra. Carla Molinari (Canil Vale Negro) dá continuidade ao trabalho hercúleo do Dr Antonio Cabral em Portugal e a Sra. Deyanne Miller (Farmion Kennel) nos E.U.A. incrementa seu trabalho de divulgar a raça e torná-la reconhecida pelo American Kennel Club, o que ocorre em 81. Estas criadoras passaram a ser dois ícones para a raça.Graças aos seus esforços e de outros poucos criadores (e porque não dizer heróis) a raça consegue, finalmente, superar sua iminente extinção. Desde então, há associações e clubes para garantir a sua proteção.
Uso e Recomendo
Em seguida, somente em 86 os cães voltam a ter algum registro com a chegada de Ondinha. Em 87, Ondinha é acasalada com Cintra obtendo-se a primeira ninhada registrada da raça no Brasil de afixo Negrellos.Desta ninhada nasceu a femea de nome África de Negrellos que deixou um legado de grandes capeões em Portugal ao retornarem às suas origens, tais como: Cipó da Casa da Serra De Água, Feijoca da Casa da Serra de Água , e, a Campeã Mundial da raça em 2001 Nana de Casa da Serra de Água. Estes cães fazem parte tanto da formação do plantel CRISTALMAR quando do legado de nosso país para a raça.Também, em 87, foi importado
dos EUA um casal de cães dagua que tinham como ancestrais diretos cães
Portugueses (Apollo
Majkella "Tony " e Margay Beleza "Dolly") dando origem ao afixo MADAGA e apesar do
pool genético ser ainda muito restrito, para nossa sorte, conseguimos reunir todas as origens que eram disponíveis na época. Sendo assim, obtivemos três (Cherna Reliant, Ch Ferragudo de Azambuja e Ch. Makuti) dentre os mais destacados Cães Matrizes, maximizando nosso pool genético com apenas cinco cães formadores do nosso plantel nacional , que trazem cerca de 20% de gene Algarbiorum e o restante ALVALADE. Havia um canil no estado do Rio de Janeiro que chegou a importar cães dos E.U.A. e de Portugal, entretanto, nunca houve registros de ninhadas, apesar de seus cães se destacarem em exposições nos anos 80 e início dos anos 90.
Somente, na década de 90, com a chegada de outros cães de linhagem Vale Negro ao Rio de Janeiro e São Paulo a raça começou a ter projeção em exposições e a ser novamente cobiçada pela elite Brasileira,como é a sina da raça, que embora tenha como origem pescadores humildes , tornaram-se cães desejados pelas elite de muitos paises, continuando sua fama de ''Amigo do Rei" em referencia a D. João VI. Atualmente, sua população é inferior a 40 animais registrados e vivos no Brasil.
Em 2004, o
Multi campeao Napoleao do Vale Negro foi acasaldo com a CH Jovem Chantal de
Cristalmar , sendo possivel aumentar nosso pool genético com um cão que leva a
linhagem Algarbiorum, cães campeoníssimos como Anacove La Primera Samba,
Pinehaven On the Town que deixaram sua grande contribuição para a rça em todos
os continentes.
|